This review may contain spoilers
Um BL sobre protofascismo estudantil pode ser muito bom˜
Assisti esse BL em 2024, dois anos depois de seu lançamento, e confesso que gostaria de ter assistido antes, agora que sei como termina. A narrativa é tão interessante quanto insana: Akk é o líder dos monitores de um colégio de elite só para garotos, famoso por seu tradicionalismo e no qual qualquer ato que perturbe a ordem é severamente punido. Ayan é um novato que entrou no colégio três semanas após o início das aulas, e deseja descobrir o que levou à morte de alguém próximo. Contra o autoritarismo do colégio, Ayan se coloca em uma posição antagônica à do líder incidental da juventude semi-fascista do colégio, Akk. As reviravoltas vistas no decorrer dos 12 episódios me surpreenderam positivamente, e conferiram celeridade ao show. Em outras palavras, não existem episódios ruins ou desinteressantes, porque tem sempre alguma coisa muito importante acontecendo, e muitos mistérios a serem descobertos. A química entre os dois atores é tão fluida que eles nem precisariam ser bons atores para que esse BL fosse bom como é. Eles não são maus atores, longe disso, mas ainda que fossem, a série não estaria 100% perdida graças às interações entre eles.O uso do termo "fascismo" não é exagero da minha parte, inclusive. Não só a construção visual dos episódios deixa a inspiração fascista clara, como falas e cenas voltadas a certas discussões mais políticas em cada episódio relembram ao espectador qual é o alvo da crítica. Nisso a série ganha muito em termos de coragem, pois não é apenas uma narrativa cheia de acontecimentos às vezes muito exagerados de uma escola fascista, mas uma série que tratou de tudo isso na Tailândia de 2022, que enfrentava (como enfrenta até hoje) governos que se formaram não devido à escolha popular ou à monarquia (afinal a Tailândia ainda é um reino), mas a um golpe militar. Se arriscaram muito para produzir esse BL, e valeu a pena.
É perfeito? Não. Mas dá um banho em muitas produções com orçamentos infinitamente maiores que essa, e é preciso valorizar isso. O mundo dos BLs está cada vez melhor produzido, afinal, como um personagem bem nos lembra, "os bls são o soft power da Tailândia", e The Eclipse merece entrar no tímido, mas crescente panteão de grandes produções dos últimos anos.
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